Freud nem sempre explica
Por André Santoro
Em linhas gerais, Freud apoiou sua teoria no fato de que todos os meninos com até seis anos de idade, em média, têm um desejo sexual reprimido pela mãe e competem com o pai pela atenção dela.
Com as meninas, ocorreria o oposto: elas são muito ligadas ao pai até essa idade e, por isso, tornam-se rivais das mães. Só depois disso, com a superação dos complexos (ou com o assassinato simbólico do pai ou da mãe), é que o filho aceitaria o pai como companheiro – e a filha teria uma relação plena com a mãe. "Essa relação entre pai, mãe e filho ou filha é chamada de triângulo familiar", explica o psicólogo Aguinaldo Gomes, da Universidade Estadual Paulista.
E até que ponto o modelo de Freud pode ser aplicado às famílias de hoje?
Para muitos psicólogos, a teoria psicanalítica não se aplica ao nosso mundo afinal de contas, ela foi formulada há cerca de um século, quando as relações familiares eram muito mais tradicionais. "Ainda existe uma herança cultural de que o menino ou a menina precisam matar simbolicamente o pai ou a mãe para crescer", diz a psicóloga Maria Luiza Mello de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Mas esse processo, segundo ela, não precisa acontecer de forma brutal. O essencial é que cada membro da família descubra a sua identidade e conquiste o seu espaço de forma natural. E sempre com muito diálogo.
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