“Chefe, estou grávida”

Especialistas ensinam como dar essa notícia na empresa, sobretudo quando a gestante acaba de ser promovida ou contratada


Por Priscila Gorzoni

Num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, é natural surgir certa insegurança na mulher que se descobre grávida. Principalmente se ela foi contratada recentemente. Mas, ainda que venha de surpresa, a gestação não é incompatível com o emprego. “Gravidez não é doença e é possível conciliá-la sem problemas com a carreira profissional”, esclarece a consultora Maria Aparecida Araújo, que é autora do livro Etiqueta Empresarial -- Ser Bem Educado é..., da Editora Qualitymark.

Tão logo confirmada a gravidez, o recomendado é informar primeiro à chefia e, logo em seguida, ao setor de RH da empresa. “Esse processo nem sempre é simples de ser conduzido”, diz Maria Aparecida. “Os superiores devem saber da notícia em primeira mão.” Nancy Bastos, diretora de Recursos Humanos da Aon Consultores de Seguros e Benefícios, concorda: “É preciso evitar que o assunto chegue aos ouvidos dos chefes por meio de terceiros ou que seja denunciado pelos sinais da gestação”. O recomendável é que os demais colegas só fiquem a par da novidade depois.

De acordo com Maria Aparecida, a comunicação deve ser feita por meio de uma conversa particular, sem a presença de outras pessoas. Afinal, isso só interessa à grávida. “Para quem foi admitida recentemente, por exemplo, deve-se enfatizar que a gestação não estava nos planos, mas que simplesmente aconteceu”, orienta a consultora. Dessa forma, minimiza-se qualquer suspeita de que a grávida possa ter agido de modo premeditado.

Por fim, outro recado: “Em princípio, a gestação não deve jamais ser motivo de faltas, atrasos e queda de produtividade”, sentencia Maria Aparecida. Independente de a mulher ter sido contratada ou promovida recentemente, o importante é deixar o trabalho adiantado e organizado para o momento da licença-maternidade.
 
veja outras dicas dos especialistas.


1. Ao anunciar a notícia...
“Deixe bem claro que evitará ao máximo que as atividades do dia-a-dia sejam prejudicadas pelo seu novo estado”, diz a consultora Maria Aparecida. Procure marcar as consultas médicas para horários fora do expediente, não chegue atrasada ou saia mais cedo, a não ser em caso de extrema necessidade. Informe também a data em que deve sair de licença-maternidade e se pretende tirar férias depois do parto, um recurso de que se valem muitas mães para ficar mais tempo com o bebê.

2. Acabei de ser promovida. E agora?
Muita calma nessa hora. “Dificilmente haverá perda da promoção. A empresa não pode voltar atrás depois que a concede”, esclarece Fátima Sanchez, gerente de desenvolvimento de pessoal da Personal Service, empresa de gestão de infra-estrutura e recursos humanos em São Paulo. Antes de falar sobre a gravidez com seus gestores, reflita sobre alternativas de continuidade de seus projetos de uma maneira em que não haja prejuízo devido à sua ausência. “Pense em distribuir suas funções entre dois ou três profissionais mais próximos”, sugere Vânia Maria Ferro, professora do curso de MBA da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. “Pense, ainda, na possibilidade de dedicar algumas horas por semana, mesmo durante o período de licença, para se inteirar informalmente de tudo o que está acontecendo com suas iniciativas.” Outra opção é tentar prolongar a licença e trabalhar desde seu início em casa.

3. Sou recém-contratada. O que faço?
O mais aconselhável é conversar abertamente com o gestor. Dessa forma, os dois podem encontrar a melhor saída para essa situação delicada. “Assim, será mais fácil planejar atividades com duração prevista para o período de gravidez e planejar a carreira da gestante, contando com o afastamento”, diz Vânia Maria Ferro. Dessa forma, depois da licença-maternidade, o investimento na sua carreira poderá ser retomado a todo vapor. No entanto, quem ainda está no período de experiência pode ser dispensada pela empresa – mesmo grávida.

4. Parar de trabalhar ou continuar?
Essa dúvida passa pela cabeça de muitas profissionais durante a gestação e é algo que merece reflexão. “Caso a decisão seja parar de trabalhar, é fundamental avaliar suas conseqüências para a empresa”, diz Vânia Maria Ferro, professora no MBA da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. “Ou seja, deve-se pensar em pessoas que possam ser preparadas para assumir as responsabilidades tão bem quanto quem está saindo.” Outra dica é oferecer boas soluções para o chefe durante a conversa. Assim, o papo será natural e os impactos serão mínimos para todos. Para a gestante que não aventa essa hipótese, a conversa deve ser focada nos preparativos para o período de gestação e de afastamento temporário.

Fonte:bebe.com.br


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